sábado, 17 de março de 2012

Uma visita do mestre Cartola

 
Estávamos lá Cartola e eu caminhando pelas ruas de uma pequena cidade do interior do Pará, onde eu vivi boa parte dos meus ainda poucos anos. Dois bons amigos falando sobre música, principalmente.

Eu, claro, admirando o grande mestre e perguntando do contexto que algumas de suas canções (leia-se poesias) ganharam forma. A simplicidade e a humildade do mestre impressionavam. Era mais um cidadão comum caminhando pela rua. Às vezes aparentava saúde debilitada, com uma tosse aqui, uma paradinha pra respirar ali, mas em outros momentos mostrava-se com vigor juvenil empolgante.

Ao passar em frente a casa onde eu morava, encostamos para falar com alguns parentes que ali estavam. “Esse é o meu amigo Cartola”, apresentei. Quem já havia ouvido falar alguma vez em Cartola ficou estarrecido, nesse caso só uma tia teve essa reação.

O motivo maior de eu ter levado o Cartola àquele grupinho da família foi que lá no meio estava meu avô, igualmente com muitos anos de vida e cheio de história para contar. Achei que seria interessante ouvir a troca de causos dos dois.

Percebi que o mestre Cartola também queria conversar com o avô, mas sua primeira investida seria algum comentário proibido para menores. Perguntei: “Você vai falar alguma sacanagem?”. Num olhar moleque, Cartola expressou seu ‘sim’, aí decidimos seguir caminho e voltar depois para a conversa com o outro mestre, o meu avô.

Bem, ficou um pouco de frustração por acordar sem que a conversa do Cartola com meu avô tenha ocorrido, porém valeu a companhia do mestre.