sábado, 16 de junho de 2012

Ao mestre Armando Mendes, com carinho...


“Mas eu resumo a questão, em termos amazônicos, sobretudo em duas coisas: hidrologia e fitologia. É o verde, é a floresta, é o que a floresta contém, e é a água e o que ela condiciona – na região e, sobretudo, fora dela. É isto que vai determinar o futuro da Amazônia do século XXI”.

Com essas palavras o professor Armando Mendes finaliza uma exposição tratando do papel da Amazônia no desenvolvimento regional do Brasil.

Nas vezes que tive oportunidade de trocar ideias com o prof. Armando Mendes (era como ele ministrando uma conferência particular), os assuntos que eu buscava mais explorar estavam relacionados basicamente ao período da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), por conta de nossas pesquisas sobre aquele período. Nomes, eventos, datas e fatos iam surgindo vagarosamente em sua voz mansa, porém firme. E eu tomando notas. Mas em todas as conversas, em algum momento, ele voltava-se para o agora e mostrava sua preocupação com o presente e o futuro, com a Amazônia de amanhã.

As palavras dele transcritas acima evidenciam o quanto o seu pensamento, suas ideias e seu ativismo como intelectual estavam antenados com o que queremos, o que podemos ser e fazer para uma Amazônia melhor.

Mais que isso, sempre buscou introduzir a região de maneira tal que se concebesse a ela o devido valor, a devida relevância dentro desse heterogêneo Brasil, levando em consideração suas especificidades, a necessidade de se pensar a Amazônia a partir dela e de ter seu desenvolvimento como aspiração nacional, além do papel fundamental do que ele chama de homem amazônico.




O homem Armando Mendes nos deixa ontem (15). Porém o professor, o intelectual, o pensador e suas outras apreciáveis facetas continuam conosco através de sua vasta e ainda inexplorada obra.

Deixou plantadas sementes, que se regadas com as devidas reflexões, podem germinar bons frutos para a região e para o país.

À família dele, que só tive oportunidade de conhecer nesse momento de partida, deixo minhas sinceras condolências. E ao mestre Armando Mendes, digo que nos falamos por aí, pelas páginas de seus escritos que nos deixou de presente.