quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A arte de escrever

Esta postagem é uma recomendação de leitura deste aprendiz de blogueiro.
Trata-se do livro A arte de escrever, de Arthur Schopenhauer*.
É um livro de bolso, com 176 páginas, dividido em cinco ensaios, mais uma parte introdutória com notas do tradutor.
Mesmo sendo escritos na primeira metade do século XIX, os ensaios revelam-se bastante atuais. Vale a pena conferir!
Para aguçar a fome de leitura dos visitantes, postamos a seguir a parte inicial de cada ensaio.

Sobre a erudição e os eruditos
Quando observamos a quantidade e a variedade de dos estabelecimentos de ensino e de aprendizado, assim como o grande número de alunos e professores, é possível acreditar que a espécie humana dá muita importância à instrução e à verdade. Entretanto, nesse caso, as aparências também enganam. Os professores ensinam para ganhar dinheiro e não se esforçam pela sabedoria, mas pelo crédito que ganham dando a impressão de possuí-la. E os alunos não aprendem para ganhar conhecimento e se instruir, mas para poder tagarelar e para ganhar ares de importantes. A cada trinta anos, desponta no mundo uma nova geração, pessoas que não sabem nada e agora devoram os resultados do saber humano acumulado durante milênios, de modo sumário e apressado. É com este objetivo que tal geração freqüente a universidade e se aferra aos livros, sempre os mais recentes, os de sua época e os próprios para sua idade. Só o que é breve e novo! Assim como a nova geração, que logo passa a emitir seus juízos. – Quanto aos estudos feitos para ganhar o pão de cada dia, nem levei em conta.

Pensar por si mesmo
A mais rica biblioteca, quando desorganizada, não é tão proveitosa quanto uma bastante modesta, mas bem ordenada. Da mesma maneira, uma grande quantidade de conhecimentos, quando não foi elaborada por um pensamento próprio, tem muito menos valor do que uma quantidade bem mais limitada, que, no entanto, foi devidamente assimilada. Pois é apenas por meio da combinação ampla do que se sabe, por meio da comparação de cada verdade com todas as outras, que uma pessoa se apropria de seu próprio saber e o domina. Só é possível pensar com profundidade sobre o que se sabe, por isso se deve aprender algo; mas também só se sabe aquilo sobre o que se pensou com profundidade.

Sobre a escrita e o estilo
Antes de tudo, há dois tipos de escritores: aqueles que escrevem em função do assunto e os que escrevem por escrever. Os primeiros tiveram pensamentos, ou fizeram experiências, que lhes parecem dignos de ser comunicados; os outros precisam de dinheiro e por isso escrevem, só por dinheiro. Pensam para exercer sua atividade de escritores. É possível reconhecê-los tanto por sua tendência de dar a maior extensão possível a seus pensamentos e de apresentar meias-verdades, pensamentos enviesados, forçados e vacilantes, como sua preferência pelo claro-escuro, a fim de parecerem ser o que não são. É por isso que sua escrita não tem precisão nem clareza.

Sobre a leitura e os livros
 A ignorância degrada os homens somente quando se encontra associada à riqueza. O pobre é sujeitado por sua pobreza e necessidade; no seu caso, os trabalhos substituem o saber e ocupam o pensamento. Em contrapartida, os ricos que são ignorantes vivem apenas em função de seus prazeres e se assemelham ao gado, como se pode verificar diariamente. Além disso, ainda devem ser repreendidos por não usarem sua riqueza e ócio para aquilo que lhes conferiria o maior valor.

Sobre a linguagem e as palavras
A voz dos animais serve unicamente para expressar a vontade, em suas excitações e movimentos, mas a voz humana também serve para expressar o conhecimento. É por isso que os sons feitos pelos animais quase sempre nos causam uma impressão desagradável, com exceção de algumas vozes de pássaros.
Na origem da linguagem humana se encontram certamente, em primeiro lugar, as interjeições, com as quais não se expressam conceitos, mas sentimentos, movimentos da vontade, assim como nos sons dos animais. Logo depois aparecerem diversas espécies de interjeições e, a partir dessa diversidade, verbos, pronomes pessoais e assim por diante.
A palavra do homem é o material mais duradouro. Se um poeta deu corpo à sua sensação passageira com as palavras mais apropriadas, aquela sensação vive através dos séculos nessas palavras e é despertada novamente em cada leitor receptivo.

Boa leitura!

* SCHOPENHAUER, Arthur. A arte de escrever. Porto Alegre: L&PM, 2009.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

E a origem feminina? Com a palavra, Luis Fernando Veríssimo

Origem feminina

Existem várias lendas sobre a origem da Mulher.
Uma diz que Deus pôs o primeiro homem a dormir, inaugurando assim a anestesia geral, tirou uma de suas costelas e com ela fez a primeira mulher.
E que a primeira provação de Eva foi cuidar de Adão e agüentar o seu mau humor, enquanto ele convalescia da operação.
Uma variante desta lenda diz que Deus, com seu prazo para a Criação estourado, fez o homem às pressas, pensando “Depois eu melhoro”, e mais tarde, com tempo, fez um homem mais bem-acabado, que chamou Mulher, que é “melhor” em aramaico.
Outra lenda diz que Deus fez a mulher primeiro, e caprichou nas suas formas, e aparou aqui e tirou dali, e com o que sobrou fez o homem só para não jogar barro fora.
Zeus teria arrancado a mulher de sua própria cabeça.
Alguns povos nórdicos cultivam o mito da Grande Ursa Olga, origem de todas as mulheres do mundo, o que explica o fato das mulheres se enrolarem periodicamente em pêlos de  animais, cedendo a um incontrolável impulso atávico, nem que seja só para experimentar, na loja, e depois quase desmaiar com o preço.
Em certas tribos nômades do Meio Oriente ainda se acredita que a mulher foi, originariamente, um camelo, que na ânsia de servir seu mestre de todas as maneiras foi se transformando até adquirir sua forma atual.
No Extremo Oriente existe a lenda de que as mulheres caem do céu, já de kimono.
E em certas partes do Ocidente persiste a crença de que mulher se compra através dos classificados, podendo-se escolher idade, cor da pele e tipo de massagem.
Todas estas lendas, claro, têm pouco a ver com a verdade científica. Hoje se sabe que o Homem é o produto de um processo evolutivo que começou com a primeira ameba a sair do mar primevo, e é o descendente direto de uma linha específica de primatas, tendo passado por várias fases até atingir o seu estágio atual e aí encontrar a Mulher, que ninguém ainda sabe de onde veio.
É certamente ridículo pensar que as mulheres também descendem de macacos. A minha mãe, não!
Uma das teses mais aceitáveis sobre o papel da mulher na evolução do homem é a de que o primeiro encontro entre os dois se deu no período paleolítico, quando um homo-sapiens mas não muito, chamado, possivelmente, Ugh, saiu para caçar e avistou, sentado numa pedra, penteando os cabelos, um ser que lhe provocou o seguinte pensamento, em  linguagem de hoje:
”Isso é que é mulher e não aquilo que tenho na caverna”.
Ugh aproximou-se da mulher e, naquele seu jeitão, deu a entender que queria procriar com ela.
”Agh maakgrom grom”, ou coisa parecida. A mulher olhou-o de cima a baixo e desatou a rir.
É preciso lembrar que Ugh, embora fosse até bem apessoado pelos padrões da época, era pouco mais do que um animal aos olhos da mulher. Tinha a testa estreita e as mandíbulas pronunciadas e usava gordura de mamute nos cabelos.
A mulher disse alguma coisa como “Você não se enxerga, não?” e afastou-se, enojada, deixando Ugh desolado. Antes dela desaparecer por completo, Ugh ainda gritou: “Espera uns 10 mil anos pra você ver!”, e de volta à caverna exortou seus companheiros a  aprimorarem o processo evolutivo.
Desde então, o objetivo da evolução do homem foi o de proporcionar um par à altura para a mulher, para que, vendo o casal, ninguém dissesse que ela só saía com ele pelo dinheiro, ou para espantar assaltantes.
Se não fosse por aquele encontro fortuito em alguma planície do mundo primitivo, o homem ainda seria o mesmo troglodita desleixado e sem ambição, interessado apenas em caçar e catar seus piolhos, e um fracasso social.
Mas de onde veio a primeira mulher, já que podemos descartar tanto a evolução quanto as fantasias religiosas e mitológicas sobre a criação?
Inclino-me para a tese da origem extraterrena. A mulher viria (isto é pura especulação, claro) de outro planeta.
Venho observando-as durante anos - inclusive casei com uma, para poder estudá-las mais de perto - e julgo ter colecionado provas irrefutáveis de que elas não são deste mundo. Observei que elas não têm os mesmos instintos que nós, e volta e meia são surpreendidas em devaneio, como que captando ordens de outra galáxia, embora disfarcem e digam que só estavam pensando no jantar. Têm uma lógica completamente diferente da nossa. Ultimamente têm tentado dissimular sua peculiaridade, assumindo atitudes masculinas e fazendo coisas - como dirigir grandes empresas e xingar a mãe do motorista ao lado - impensáveis há alguns anos, o que só aumenta a suspeita de que se trata de uma estratégia para camuflar nossas diferenças, que estavam começando a dar na vista.
Quando comentamos o fato, nos acusam de ser machistas, presos a preconceitos e incapazes de reconhecer seus direitos, ou então roçam a nossa nuca com o nariz, dizendo coisas como “ioink, ioink” que nos deixam arrepiados e sem argumentos.
Claramente combinaram isto. Estão sempre combinando maneiras novas de impedir que se descubra que são alienígenas e têm desígnios próprios para a nossa terra.
É o que fazem, quando vão, todas juntas, ao banheiro, sabendo que não podemos ir atrás para ouvir.
Muitas vezes, mesmo na nossa presença, falam uma linguagem incompreensível que só elas entendem, obviamente um código para transmitir instruções do Planeta Mãe.
E têm seus golpes baixos. Seus truques covardes. Seus olhos laser, claros ou profundamente escuros, suas bocas.
Meu Deus, algumas até sardas no nariz. Seus seios, aqueles mísseis inteligentes. Aquela curva suave da coxa, quando está chegando no quadril, e a Convenção de Genebra não vê isso!
E as armas químicas - perfumes, loções, cremes. São de uma civilização superior, o que podem nossos tacapes contra os seus exércitos de encantos?
Breve dominarão o mundo. Breve saberemos o que elas querem. Se depois de sair este artigo, eu for encontrado morto com sinais de ter sido carinhosamente asfixiado, como um sorriso, minha tese está certa. Se nada me acontecer, sinal de que a tese está certa, mas elas não temem mais o desmascaramento.
O que elas querem, afinal?
Se a mulher realmente veio ao mundo para inspirar o homem a melhorar e ser digno dela, pode ter chegado à conclusão de que falhou, que este velho guerreiro nunca tomará jeito. Continuaremos a ser mulheres com defeito, uma experiência menor num planeta inferior. O que sugere a possibilidade de que, assim como veio, a mulher está pronta a partir, desiludida conosco.
E se for isso que elas conspiram nos banheiros? A retirada? Seríamos abandonados à nossa própria estupidez. Elas levariam as suas filhas e nos deixariam com caras de Ugh.
Posso ver o fim da nossa espécie. Nossos melhores cientistas abandonando tudo e se dedicando a intermináveis testes com a costela, depois de desistir da mulher sintética. Tentando recriar a mágica da criação.
Uma mulher, qualquer mulher, de qualquer jeito! Prometemos que desta vez não as decepcionaremos! Uma mulher! Como é que se faz uma mulher?

Luís Fernando Veríssimo

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

E as piadas de políticos...

Eis umas piadinhas de políticos. A ideia é distrair um pouco.
Comente depois qual foi a sua preferida, caro visitante.

Contos de fadas
Filho para o pai:
- Pai é verdade que todo conto de fadas se iniciam com “Era uma vez...”.
E o pai:
- Não, muitos começam com “Quando eu for eleito...”

Justiça
O deputado corrupto estava sendo julgado por desvio de verbas. De repente, toca o telefone e o advogado encarregado da sua defesa, diz, eufórico:
- Doutor, finalmente a justiça foi feita!
E o deputado esbraveja:
- Então vamos apelar!

A separação
Dois deputados se encontram no corredor da Assembleia. Um deles diz:
- Quero comunicar que hoje decidi tomar uma das mais importantes decisões de minha vida!
- O que foi?
- Vou me separar!
- Bela decisão. Sua mulher é mesmo uma vagabunda. Todo mundo por aqui já dormiu com ela...
- Eu pretendia me separar do partido...

Sumiço do relógio
Um empresário marcou audiência com certo político. Enquanto aguarda, é tratado com a maior cortesia pelo oficial de gabinete. Quando finalmente é recebido, resolver olhar as horas e percebe que está sem seu Rolex de ouro. Muito constrangido, diz ao político:
- Não sei como lhe contar, excelência... Mas enquanto aguardava para ser recebido pelo senhor, meu relógio sumiu. Só estávamos eu e o seu chefe de gabinete e...
O político mal espera o empresário terminar a história. Dá uma saidinha e volta, em seguida, com o Rolex na mão. E o empresário fala:
- Espero não ter causado nenhum constrangimento ao seu assessor quando o senhor pegou o relógio de volta...
E o político:
- Não esquenta! Ele nem percebeu!

Justiça à brasileira
Dois bóias-frias estavam caminhando pela beira de uma estrada poeirenta, voltando de uma das fazendas onde haviam dado o duro o dia inteiro, quando o filho de um famoso deputado, que vinha a toda velocidade em uma caminhonete importada... tum!
Um deles atravessou o pára-brisa e caiu dentro do carro, enquanto o outro voou longe.
Três meses depois, eles saíram do hospital e foram direto para a cadeia. Um por invasão de domicílio e o outro por se afastar do local do acidente.

Piadas extraídas de Piadas Selecionadas. Ano III, nº 20.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Noticiário Socioeconômico

Há um novo espaço no Blog Medo da Chuva: o “Noticiário Socioeconômico”.
A ideia é disponibilizar aos visitantes notícias atualizadas sobre diversos assuntos dentro da socioeconomia, temas nacionais e/ou internacionais.
Para acessar, basta clicar em uma das notícias disponibilizadas na lista “Noticiário Socioeconômico”, encontrada do lado direito desta página.
Confira e boa leitura!