terça-feira, 30 de novembro de 2010

Marvada pinga!

Em breve passeio por BH, este humilde aprendiz de pingófilo (quem sabe um dia!) tirou algumas fotos para deixar muitos cachaceiros, apreciadores de cachaça, com álcool na boca.
A sede etílica se multiplica trocentas vezes em um espaço com tanta diversidade. Só a parte da amostra grátis já faz valer a visita.
Cada dose foi degustada socialmente, claro!

As fotos foram tiradas no Mercado Central. 





 (clique na foto para ampliar)

Abaixo uma música muito propícia para uma postagem com tamanha riqueza etílica.

O caminho recusado

Às vezes nos deparamos com mais de um caminho. Surge, então, a dúvida: qual devo seguir? E se essa estrada não levar ao lugar que quero ir?

Bem, antes de tudo é preciso definir onde você deseja ir, depois procurar o melhor caminho para se chegar lá.

Mas isso é moleza, certo? Doce ilusão! Claro que não! Pelo menos acredito não o ser.

Sejamos sensatos na escolha dos lugares que queremos chegar, levando em consideração nossos sonhos e capacidades; e prudentes e sábios na escolha dos melhores caminhos.

O poema abaixo, sugerido pelo amigo Rivero, versa um pouco sobre isso. O autor é Robert Frost.

O caminho recusado

Num bosque amarelo, dois caminhos
Divergiam – e diante da escolha
Demoradamente olhei, sozinho;
Um que eu via melhor que o do vizinho
E se perdia em curvas em folhas;

Mas fui pelo outro, pois se estendeu
Também mais ao meu gosto
Nos vegetais, no que ofereceu;
Seria o mesmo, imaginei eu,
Se preferisse o caminho oposto,

Pois na manhã cada qual dormia
Sobre folhas nunca palmilhadas.
- Fique o primeiro para outro dia!
Mas sei bem que estrada puxa estrada
E pressenti que não voltaria...

Vou sempre chorar o que ocorreu
Nos dois caminhos, tristeza imensa;
Ah, divergiam num bosque e eu
Quis o que mais raro pareceu
- E isto fez toda a diferença...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ironias do destino

Sérgio Birchal
16/11/2010

O assunto em voga em economia é a questão do câmbio. Foi o tema principal na última reunião do G-20. O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, denunciou a existência de uma guerra cambial, mas a tensão principal é entre os Estados Unidos e a China. Os Estados Unidos acusam a China de manter a sua moeda desvalorizada artificialmente e ameaçam retaliar os produtos chineses no mercado americano. O governo chinês, por sua vez, replica dizendo que seria social e politicamente insustentável promover uma valorização da moeda na velocidade que exigem os Estados Unidos.

Por detrás da polêmica acerca da moeda chinesa está a questão do reequilíbrio das transações internacionais. Com uma moeda desvalorizada, uma mão de obra educada, abundante e barata, a China se transformou na fábrica do mundo, superando os próprios Estados Unidos.

Os ganhos de produtividade decorrentes desses e de outros fatores (como os volumes de produção, por exemplo) tornaram os produtos chineses extremamente competitivos no comércio internacional. Assim, nas últimas duas décadas, a economia chinesa cresceu exponencialmente vendendo em larga escala uma coleção cada vez mais variada e sofisticada de produtos para os americanos.

Empresas americanas, inclusive se apressaram em transferir suas linhas de produção para a China. Esse, talvez, seja o aspecto mais singular do fenômeno chinês quando comparado com outras economias da Ásia como Japão, Coreia do Sul e demais Tigres Asiáticos.

Mas a maior ironia dessa polêmica é que ela, talvez, nem existisse se, no fim da Segunda Guerra Mundial, os americanos houvessem concordado com a proposta do secretário do Tesouro britânico, John Maynard Keynes.

Talvez poucos ainda se lembrem disso, mas, em julho de 1944, 730 delegados de todos os 40 países que compunham as "Nações Aliadas" se reuniram no Mount Washington Hotel, em Bretton Woods, no estado de New Hampshire, Estados Unidos. A reunião tinha por objetivo criar as condições para a reconstrução do sistema econômico internacional e do sistema monetário internacional. O sistema monetário internacional é o sistema que estabelece a relação de valor de troca entre as diferentes moedas.

O antigo sistema baseado no ouro havia se esfacelado após a Primeira Guerra Mundial e o que se sucedeu foi uma guerra cambial e a adoção de sistemas diferentes que não se comunicavam.

Assim, os delegados que participavam da Conferência Financeira e Monetária das Nações Unidas concordaram e assinaram o Tratado de Bretton Woods nas primeiras semanas de julho de 1944. Esse tratado estabelecia as regras, as instituições e os procedimentos para regular o sistema monetário internacional daí em diante. As moedas passaram a ser cotadas em relação ao dólar americano que, por sua vez, guardava uma paridade fixa com o ouro. A paridade fixa em relação ao ouro foi abandonado pelos Estados Unidos em 1971, que mesmo assim manteve a moeda de circulação internacional.

As principais instituições criadas a partir desse tratado foram o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento, mais tarde conhecido como o Banco Mundial. Esse conjunto de regras, instituições e procedimentos se constituíram no que ficou conhecido como sistema Bretton Woods.

Porém, a grande discussão na conferência de Bretton Woods dizia respeito à extensão dos poderes do FMI na emergente economia mundial pós-Segunda Guerra. Apesar da presença de delegações de todas as 44 nações, os debates eram dominados pelas propostas divergentes entre os Estados Unidos e o Reino Unido. A proposta de Harry Dexter White, que era o economista-chefe para a área internacional do Tesouro dos Estados Unidos, favorecia a criação de incentivos para a estabilidade monetária da economia mundial.

Já a proposta de Keynes previa a criação de uma moeda de reserva mundial (que ele sugeriu que se chamasse "bancor") administrada por um banco central com poderes para criar moeda e com a autoridade para tomar medidas mais amplas. Por exemplo, no caso de desequilíbrios nas contas externas, Keynes propunha que tanto os credores quanto os devedores deveriam mudar as suas políticas econômicas. Assim, os países superavitários (ou credores) em suas contas externas (como é o caso da China hoje) deveriam aumentar as suas importações dos países deficitários (ou devedores, como é o caso dos Estados Unidos hoje). Dessa forma, seriam criadas as bases para um comércio internacional equilibrado. Mas os Estados Unidos, como a possível maior economia superavitária no pós-Guerra e como a nova potência econômica e militar mundial, rejeitaram a proposta de Keynes.

As preocupações dos americanos eram outras; e viam os desequilíbrios externos como um problema apenas dos países deficitários (devedores). No final das contas prevaleceu a proposta dos Estados Unidos.

Hoje os Estados Unidos e os países mais desenvolvidos reivindicam as velhas ideias de Keynes. Eles querem que os países emergentes arquem com o problema da apreciação cambial em função de suas posições superavitárias (credoras) no comércio internacional. Talvez, os americanos amarguem não ter concordado com a proposta do Secretário do Tesouro Britânico. Hoje, talvez, polêmicas sobre desequilíbrios comerciais e guerra cambial não fizessem sentido. Ironias do destino.

Sérgio Birchal é PhD em História Econômica pela London School of Economics (LSE)


Fonte: Jornal Valor Econômico.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Ele é o cara do blues: BB King

Aos amantes do blues, eis um pouco de BB King em ação.

Aos que ainda não conhecem, eis uma excelente porta de entrada no mundo fascinante do blues.

Para começo de conversa: The thrill is gone.
Depois o mestre dá um um show com sua guitarra Lucille (simplesmente magnífico!). 
Nobody loves me but my mother, um vídeo mais antigo, também é outra pérola.
O quarto vídeo apresenta Sweet little angel.

No site do mestre do blues, ainda na ativa com seus 85 anos, informações sobre discografia, história do cantor e agenda de shows, entre outras coisas.

"Time has no apparent effect on B.B."





sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Medo da Chuva Entrevista - o cientista político Roberto Corrêa

O primeiro entrevistado do Medo da Chuva Entrevista é o cientista político Roberto Corrêa. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da UFPA, Corrêa é economista, com doutorado em Ciência Política pelo Instituto Universitário do Rio de Janeiro – IUPERJ.
Para mais informações sobre nosso entrevistado, favor acessar: http://goo.gl/NpLsf
Confira a entrevista a seguir!


MC: Qual sua avaliação das eleições para governador (PA) e presidente, principalmente no que tange às campanhas dos candidatos?

Roberto Corrêa: Diferente do que pensa a maioria dos cientistas políticos, meus colegas, essa campanha reflete o amadurecimento da democracia, não tanto pelos temas religiosos apresentados como recurso de voto, mas e principalmente em razão de que os três candidatos mais votados no 1º turno (Dilma, Serra e Marina) são muito semelhantes para o eleitorado em termos de confiabilidade e viés programático-ideológico.
Foi-se o tempo em que o risco de eleger um reacionário da extrema direita ou um patife corrupto era iminente e recorrente. Esse era o cenário que alimentava as escaramuças e a violência verbal. Viva a democracia enquanto jogo que aos poucos se aperfeiçoa com o aprendizado do eleitor e do político. Chegou a hora de pugnar pela reforma política visando o aperfeiçoamento institucional da representação no Congresso e nas Assembléias estaduais e municipais.

MC: Em sua opinião, os programas de governo de Jatene e Dilma são as melhores opções para o Pará e o Brasil, respectivamente, frente ao atual momento de cada uma dessas áreas?

Roberto Corrêa: Sim. O que vimos acontecer em nível nacional acabou ocorrendo em nível estadual. Os dois candidatos selecionados para o 2º turno confirmam a maturidade do eleitor. A questão da continuidade (Ana Júlia) versus descontinuidade (Jatene) é algo que só o tempo dirá quem foi o melhor.

Particularmente afianço que o governo Ana Júlia foi um bom governo e que não se reelegeu graças à inexperiência política do agrupamento de poder, em que pese ser reconhecidamente competente na dimensão técnica da governança. Porém, como disse o filósofo em se tratando de politica: Magis experiendo quam discendo cognoscitur (Mais vale experiência que ciência).

MC: O que esperar de diferente no governo Dilma em relação ao de Lula? A política econômica deve se manter no tripé regime de metas de inflação (política monetária), câmbio flutuante (política cambial) e expressivo gastos do governo (política fiscal)?

Roberto Corrêa: A continuidade de um programa com o aprofundamento e ampliação das políticas públicas de combate a miséria. Retorno da CPMF para saúde e educação; continuidade da política monetária do Bacen, câmbio flutuante  e aperto fiscal, mormente em custeio como meio de ampliar o investimento necessário ao aceleramento do PAC.

O primeiro ano de governo terá como principal ambientação os solavancos dos conflitos congressuais em razão dos escândalos do tipo Erenice Guerra. A folgada maioria não evitará que o poder da imprensa alimente as CPIs. Espero que o cenário internacional continue avançando e alimentando o fluxo de entrada de capitais pa ra reforço das fontes de investimento em infraestrutura do sistema de transporte com reflexos na empregabilidade, educação e urbanização.

Isso tudo sem esquecer a exploração das novas fontes de petróleo e a política habitacional. O cuidado com a doença holandesa deverá estar presente como forma de evitar a desindustrialização que, no caso brasileiro, é bastante diferente da Argentina, graças ao avanço tecnológico na industria de modo geral, e a pujança do nosso mercado interno em crescimento via inclusão social.

MC: Muito se tem falado no Brasil da necessidade de uma reforma política, porém depois de oito anos de governo FHC e oito de governo Lula pouco se fez neste sentido. Dilma, em seu primeiro discurso como candidata eleita se comprometeu a dedicar esforços para realizar a desejada reforma política. Em sua opinião, quais as diretrizes de uma reforma política no Brasil? A Dilma terá força e contexto para ser bem sucedida nesta missão?

Roberto Corrêa: Haverá sim, esforço direcionado para uma reforma política que tenha por meta o aperfeiçoamento institucional direcionado para a redução dos gastos de campanha e maior disciplina partidária com efeitos positivos na governabilidade e na governança. Aposto numa legislação eleitoral do tipo voto em lista pré-ordenada ou voto distrital misto. O parlamentarismo poderá ressurgir como proposta de governo. Isso é possível, depende das negociações e da pressão da sociedade. Um fato inédito concorre para isso: Dilma tem maioria absoluta na Câmara e no Senado.

Medo da Chuva Entrevista

Temos um novo espaço neste blog bebezinho: o Medo da Chuva Entrevista.

Postaremos, sempre que possível, entrevistas com personalidades de diferentes meios e tribos.
O ecletismo prezado por este humilde blogueiro estimulará a buscar entrevistas com fulanos e fulanas que navegam pelo mundo da música, da política, da economia, da poesia, da...

Ipea realiza conferência sobre o desenvolvimento

Code terá entrada franca e reunirá importantes pensadores brasileiros. As inscrições vão até 5 de novembro

Entre os dias 24 e 26 de novembro, o Ipea vai levar ao centro da Esplanada dos Ministérios parte de seu conhecimento em pesquisas econômicas aplicadas para realizar a 1ª Conferência do Desenvolvimento (Code). A conferência tem entrada franca, e as inscrições podem ser feitas por meio de preenchimento de formulário no sítio www.ipea.gov.br/code, até 5 de novembro. Durante os três dias, serão nove painéis temáticos sobre o desenvolvimento, 88 oficinas do desenvolvimento e 50 lançamentos de livros. São esperados mais de 200 palestrantes e debatedores.

O objetivo da Code é criar um espaço nacional de debates no coração do Brasil, no momento em que o país volta a discutir planejamento e estratégias de desenvolvimento. Para isso, a conferência terá vídeos, apresentações de livros, instalações, projeções, oficinas e palestras. As exposições serão norteadas pelos sete eixos temáticos do desenvolvimento definidos pelo Ipea: inserção internacional soberana; macroeconomia para o desenvolvimento; fortalecimento do Estado, das instituições e da democracia; estrutura tecnoprodutiva integrada e regionalmente articulada; infraestrutura econômica, social e urbana; proteção social, garantia de direitos e geração de oportunidades; e sustentabilidade ambiental.

A programação é dividida em três tipos de atividades: painéis (palestras e debates mais abrangentes, no plenário da conferência); oficinas do desenvolvimento (exposições e mesas de debate realizadas em salas de aula dentro da Code); e desenvolvimento cultural (apresentações de experiências de desenvolvimento do ponto de vista da cultura). Para obter outras informações sobre as atividades e anotar o horário das que mais interessam, acesse www.ipea.gov.br/code.

Aberta a toda a sociedade, a conferência será realizada no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, em frente à Catedral de Brasília. Estarão presentes conselheiros de orientação do Ipea, diretores e técnicos de planejamento e pesquisa do Instituto, além de acadêmicos e autoridades de todas as regiões do país. O Ipea não arcará com despesas de transporte, alojamento e alimentação, que ficarão a cargo do público.

Fonte: IPEA.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Um pouco de Cecília

Para começar bem a quarta-feira, postamos o conhecidíssimo Motivo, de Cecília Meireles.

Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Abraços!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Hoje é feriado é o dia da saudade

A música Dia da Saudade, do maluco beleza Raul Seixas, é uma boa pedida para o dia de hoje.
Ótimo feriado a todos!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Salve, Adoniran!

De tanto levar frechada do teu olhar
Meu peito até parece sabe o quê?
Quem nunca ouviu o trecho acima do grande João Rubinato?
João o quê? Bem, este é o nome verdadeiro do saudoso Adoniran Barbosa.
Tiro ao Álvaro e outras tantas músicas do mestre seguramente têm lugar garantido nas vitrolas que melodiam samba por aí.
Aos sambistas de plantão, o que dizer de Saudosa Maloca, Trem das Onze, Joga a Chave (uma das minhas preferidas), As Mariposas, Apaga o Fogo Mané etc.? Só musgão, não! É sempre bom recordar de coisas boas.

Postamos a seguir cinco vídeos que fazem parte de um documentário produzido pela TV Cultura em 2008, intitulado Mosaicos – A Arte de Adoniran Barbosa. Vale a pena conferir!







Forte abraço a todos!

Mais uma eleição se foi...

Depois de momentos de altos (nem tantos!) e baixos nas eleições deste ano, finalmente chegamos ao fim do processo eleitoral 2010. É um fim que ainda não acabou em sua totalidade, pois ainda há casos em análise no TSE e STF, mas isso são outros quinhentos.
No Pará tivemos a não reeleição da primeira mulher a governar o estado, Ana Júlia Carepa (Blog do Henrique Branco cita alguns motivos). No Brasil tivemos a vitória da primeira mulher escolhida pela população para assumir a cadeira da presidência do país.
No caso da eleição para presidente, mais de 55,7 milhões de brasileiros optaram por Dilma. Independentemente da opção partidária de cada um, todos hão de concordar que foi um marco histórico em nosso país. Agora é torcer para que a candidata eleita possa dar continuidade ao que vem sendo feito de bom e melhorar em áreas ainda carentes de políticas públicas.
Mudande da água para o vinho, a eleição de uma mulher para presidente certamente ainda faz muito marmanjo nostalgiar ao som de Mulheres de Atenas, do Chico Buarque:  
Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
Bem, ou a rapaziada aceita que tem lugar para todos e não subestime a capacidade feminina, ou é bom aprender a cozinhar, cuidar de crianças, lavar, passar etc.

Boa sorte a Dilma! E mulheres, vocês são demais!