“Mas eu resumo a questão, em termos
amazônicos, sobretudo em duas coisas: hidrologia e fitologia. É o verde, é a
floresta, é o que a floresta contém, e é a água e o que ela condiciona – na
região e, sobretudo, fora dela. É isto que vai determinar o futuro da Amazônia
do século XXI”.
Com essas palavras o professor
Armando Mendes finaliza uma exposição tratando do papel da Amazônia no
desenvolvimento regional do Brasil.
Nas vezes que tive oportunidade de
trocar ideias com o prof. Armando Mendes (era como ele ministrando uma
conferência particular), os assuntos que eu buscava mais explorar estavam
relacionados basicamente ao período da Superintendência do Plano de Valorização
Econômica da Amazônia (SPVEA), por conta de nossas pesquisas sobre aquele
período. Nomes, eventos, datas e fatos iam surgindo vagarosamente em sua voz
mansa, porém firme. E eu tomando notas. Mas em todas as conversas, em algum
momento, ele voltava-se para o agora e mostrava sua preocupação com o presente
e o futuro, com a Amazônia de amanhã.
As palavras dele transcritas acima
evidenciam o quanto o seu pensamento, suas ideias e seu ativismo como
intelectual estavam antenados com o que queremos, o que podemos ser e fazer para
uma Amazônia melhor.
Mais que isso, sempre buscou
introduzir a região de maneira tal que se concebesse a ela o devido valor, a
devida relevância dentro desse heterogêneo Brasil, levando em consideração suas
especificidades, a necessidade de se pensar a Amazônia a partir dela e de ter
seu desenvolvimento como aspiração nacional, além do papel fundamental do que ele
chama de homem amazônico.
O homem Armando Mendes nos deixa ontem (15). Porém o professor, o intelectual, o pensador e suas outras apreciáveis facetas continuam conosco através de sua vasta e ainda inexplorada obra.
Deixou plantadas sementes, que se regadas com as devidas reflexões, podem germinar bons frutos para a região e para o país.
À família dele, que só tive oportunidade de conhecer nesse momento de partida, deixo minhas sinceras condolências. E ao mestre Armando Mendes, digo que nos falamos por aí, pelas páginas de seus escritos que nos deixou de presente.
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